Por: Antonio Penteado Mendonça – Colunista no jornal O Estado de São Paulo, sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e secretário-geral da Academia Paulista de Letras
Perto de 90% dos seguros brasileiros são comercializados através dos corretores de seguros. Essa participação no mercado não caiu do céu, ela é fruto da profissionalização e do trabalho árduo da categoria. Mas os corretores de seguros não são uma categoria homogênea, com desempenho semelhante e a mesma capacidade profissional.
A primeira diferença é que existem corretores pessoa física e pessoa jurídica, ou seja, há o profissional que trabalha por conta própria e a empresa que angaria seguros. Normalmente, as pessoas jurídicas têm mais produção, até por uma questão de capacidade de colocação dos produtos mercado. Enquanto os corretores individuais trabalham sós, as empresas têm equipes comerciais, o que resulta numa maior capacidade de distribuição das apólices.
Num desenho mais amplo, temos quatro grandes grupos de corretoras de seguros. As corretoras ligadas a conglomerados financeiros, as corretoras estrangeiras, as corretoras cativas e os corretores independentes.
Se o Brasil tivesse o mesmo desenho do que acontece nos países desenvolvidos, teríamos uma outra figura, o agente de seguro, que não é previsto na nossa legislação e por isso causa distorções capazes de dar uma ideia errada do segmento.
A grande diferença entre o corretor e o agente de seguro é que o corretor é, internacionalmente, o profissional contratado pelo segurado para fazer os seus seguros. Já o agente é um profissional que representa a seguradora. Assim, os dois têm lado, o corretor atua pelo segurado e o agente pela seguradora.
Como no Brasil não existe a figura do agente, todos, tanto faz a forma de atuação, são denominados corretores de seguros, quando, de verdade, nem todos efetivamente atuam em nome do segurado.
Grosso modo, a corretagem de seguros no Brasil está dividida como segue. As corretoras ligadas a conglomerados financeiros representam entre 35 e 45% do total do mercado. Elas atuam dentro dos bancos que as controlam e normalmente trabalham seguros mais simples, fáceis de serem vendidos nas agências, como seguros de vida e acidentes pessoais, seguros de veículos, seguros residenciais e empresariais pequenos.
As corretoras estrangeiras pertencem a grandes grupos multinacionais, que atuam na corretagem de seguros normalmente com dois vieses claros: os grandes riscos empresariais e os seguros de massa. Elas têm entre 15 e 25% do faturamento.
Já as corretoras cativas pertencem a grandes grupos empresariais que as utilizam
para fazer os seus seguros, aumentando o faturamento com as comissões de corretagem. Elas representam entre 5 e10% do mercado.
Finalmente, os corretores independentes são as pessoas físicas ou jurídicas que têm como negócio a intermediação de seguros. Eles não são vinculados a ninguém e atuam nas mais diversas áreas, desde corretores que atuam com um único produto até corretores com grandes estruturas para atuarem em todos os ramos. Há também os corretores especializados. Esse grupo é a maioria dos profissionais, mas produz entre 25 e 35% dos prêmios.