Há 30 anos, o Brasil entrava oficialmente na era do Plano Real. Implementado em 1º de julho de 1994, o programa trouxe uma nova moeda e reformas econômicas, com o objetivo de gerar estabilidade e interromper o ciclo inflacionário no País.
A indústria de seguros foi uma das mais beneficiadas com o pacote de medidas. Pode-se afirmar que o crescimento recente e constante do setor está atrelado intrinsecamente ao Plano Real.
Para explicar a influência do Real no desenvolvimento dos seguros ao longo das últimas três décadas, Luiz Macoto, coordenador acadêmico e professor da Escola de Negócios e Seguros (ENS), conversou com o jornalista Gerson Anzzulin, de Porto Alegre (RS).
A entrevista exclusiva foi veiculada no programa Espaço Jurídico, da Rádio Bandeirantes 94.9 FM (ouça no Spotfy clicando aqui) e publicada na coluna do jornalista no Jornal do Comércio. Os dois veículos são de Porto Alegre.
Confira abaixo trechos do bate-papo e clique no link acima para acessar os conteúdos na íntegra.
Gerson Anzzulin – Por que os planos apresentados antes do Plano Real, como Cruzado, Bresser, Verão e Collor, não deram certo?
Luiz Macoto – Fundamentos econômicos. Avaliando pela perspectiva histórica, o mérito do Plano Real foi perceber o fenômeno da inflação inercial. Os preços aumentavam em função da perspectiva da inflação futura. Os idealizadores do Plano Real compreenderam que a inflação iria cair se ocorresse a implantação de uma nova moeda sem os efeitos da inflação inercial. Nos planos anteriores, a simples troca de moeda não trouxe estabilidade porque os fundamentos econômicos não estavam firmes.
Como as seguradoras operavam no período inflacionário?
Existiam tarifas padronizadas naquela época. A competição não se dava pelo produto, mas na área Comercial. Em época de hiperinflação as seguradoras eram investidoras institucionais. As provisões eram aplicadas no mercado financeiro. Assim, esses ganhos aplacavam o resultado operacional. Atualmente, o resultado das companhias vem dos produtos.
Em 2023, a CNseg lançou o Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros. A principal meta é atingir 10% do PIB até 2030. Essa proposta é a amostra de que o mercado acredita na estabilidade da economia brasileira?
Se o índice de participação do mercado de seguros no Produto Interno Bruto de um país é baixo, significa que o segmento não é desenvolvido naquela economia. A produção do mercado de seguros no Brasil, em 2023, totalizou R$ 669 bilhões. Isto representa 6,2% do PIB brasileiro. No início do Plano Real, essa participação era de 1,3%. Na comparação com economias mais desenvolvidas, estamos abaixo do índice de participação no PIB. Quando a CNseg lança um desafio desse porte, de chegar a 10% do PIB, trata-se de uma aposta no desenvolvimento da economia, estabilidade e modernização do setor.