O Rio Grande do Sul tem sido duramente atingido por desastres climáticos recentes, incluindo chuvas intensas, alagamentos, inundações, granizo e vendavais de grande intensidade, resultando em um estado de alerta nacional. O Governo gaúcho decretou calamidade pública em 1º de maio, com aproximadamente 147 municípios afetados desde 27 de abril. Até o momento, os danos incluem 66 mortes, 101 desaparecidos e quase 32 mil pessoas desabrigadas, atingindo mais de 67 mil pessoas até o momento, segundo dados da Defesa Civil. Em resposta a essa crise, seguradoras e empresas que atuam no mercado de seguros estão conduzindo operações emergenciais de resgate para mitigar os prejuízos causados aos seus segurados pelos eventos climáticos.
Com o compromisso do mercado de seguros em ajudar e fornecer proteção a população, a CNseg realizou no último sábado, 4, um pedido de recomendação às suas associadas que atuam no estado do Rio Grande do Sul a prorrogação dos contratos de seguros de todos os segmentos cujos vencimentos ocorrem entre 1° e 10 de maio, e a maioria das companhias vem atendendo ao pedido e realizando essa prorrogação.
Operações das Companhias
Diversas seguradoras estão realizando operações de resgate e assistência. O Grupo Bradesco Seguros implementou, desde 2015, a “Operação Emergencial de Tratamento de Sinistros”, realizando mais de 600 indenizações nas categorias Auto e Residencial, com mais de R$ 5 milhões pagos aos segurados. O projeto envolve o uso de guinchos e carros de apoio nas cidades mais afetadas, como Santa Cruz do Sul, São Leopoldo, Caxias do Sul e Porto Alegre, com reforço da equipe para atendimento.
A Porto anunciou também seu total apoio enviando uma frota de veículos especiais para resgates como Jet Skis, Marruás (veículo militar preparado para enfrentar diversos terrenos), um Unimog (caminhão de resgate especial), uma picape lança e um guincho, além de fornecer uma equipe de socorristas da Porto Serviço, para dar assistência aos segurados. A companhia também anunciou a prorrogação dos contratos até o dia 10 de maio.
A Allianz Seguros está reforçando sua presença na região desde o dia 27 de abril, oferecendo suporte aos clientes atingidos e prorrogando os contratos de seguros. As equipes de Assistência 24 horas e Sinistros estão focadas e monitorando os impactos causados pelas chuvas. Além disso, a Allianz oferece monitoramento intensivo pela rede de prestadores, remoção de veículos e acompanhamento de casos de difícil acesso até a liberação de passagem, time dedicado à análise e regulação de sinistros da região, extensão do atendimento aos segurados com apólices com final de vigência entre 1º e 10 de maio por mais 10 dias e prorrogação de 10 dias adicionais para os boletos de parcelas com vencimento entre 1º e 10 de maio, estes últimos, exceto em casos de apólices com resseguro facultativo.
O Grupo HDI anunciou a ativação de seu plano de resposta a eventos catastróficos, visando garantir assistência rápida e eficaz às vítimas, e está enviando equipes especializadas para ajudar nas áreas afetadas, com autonomia para tomar decisões em diversas áreas, incluindo automóveis, propriedades e agronegócio. “Mais uma vez, lamentamos profundamente os desastres naturais que estão atingindo a região Sul do Brasil. O Grupo HDI está trabalhando muito para auxiliar a população afetada pelas chuvas e se coloca à inteira disposição para apoiar a todos que estão sofrendo com as consequências”, salienta Márcio Probst, Chief Claims Operations Officer do Grupo HDI.
Desde o início dos eventos climáticos, a seguradora têm realizado diagnósticos periódicos para avaliar outras ações mitigadoras e garantir equipe pronta com veículos especiais para atuar em qualquer terreno e ajudar toda a população.
A Tokio Marine está priorizando o atendimento aos clientes por meio de equipes especializadas em contato direto com corretores locais, utilizando aplicativos de mensagens para agilizar a identificação de casos que exigem intervenção imediata e garantir o pagamento ágil das indenizações devidas. A companhia pretende enviar especialistas de São Paulo para apoiar as equipes nas avaliações de danos em veículos e propriedades.
“Priorizamos o atendimento no Contact Center para ligações de DDD das regiões que estão em situação mais crítica, como Caxias do Sul e Porto Alegre, e deslocamos prestadores de serviços para avaliar as áreas mais atingidas. A prioridade absoluta é prestar todo o auxílio necessário a nossos Clientes nesse momento tão difícil”, comenta Andrea Ribeiro, Diretora de Operações da Tokio Marine.
A Seguradora Zurich está coordenando uma série de ações para apoiar clientes, parceiros e a população das regiões afetadas pelos temporais no estado. A companhia visa aumentar a capacidade de atendimento prorrogar os contratos de seguros, atendendo ao pedido da CNseg, ativação de guinchos e uma equipe de prontidão em contato ativo com os clientes, além do seu Fundo de Catástrofe, que está atuando juntamente com as entidades e autoridades locais para apoiar ações de assistência emergencial para a população diretamente afetada.
A MAPFRE implementou diversas medidas para garantir atendimento rápido e assistência integral aos afetados. Reforçou sua equipe de atendimento telefônico, simplificou o processo de regulação de sinistros e ampliou a mobilização de sua rede de prestadores de serviços. Como parte financeira, foi destinado o valor de R$ 1,1 milhão em ajuda humanitária à região por meio da Fundação MAPFRE. Além disso, a companhia está disponibilizando serviços de guincho para remoção de veículos nas áreas afetadas, tanto para segurados quanto para não segurados, e oferecendo entrega de mantimentos. A empresa também está monitorando de perto a situação por meio de equipes especializadas.
Por hora, CAPEMISA e Prudential também atenderam aos pedidos da Confederação e estenderam seus contratos e se pronunciarem oferecendo atendimento e suporte as vítimas da região, além de prestar toda a assistência necessária.
Proposta de Seguro Social
Os casos passados e futuros destacam ainda mais a urgência do projeto ‘Seguro Social’ proposto pela Confederação Nacional de Seguros (CNseg), destinado a pagar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil para famílias de baixa renda desabrigadas devido a tragédias climáticas ou que vivam em áreas de risco. A proposta envolve uma taxa de R$ 2 a R$ 3 na conta de luz de todos os contribuintes, com exceção dos de baixa renda cadastrados no CadÚnico. As distribuidoras de energia seriam responsáveis por repassar os valores para as seguradoras, que por sua vez indenizariam os afetados por catástrofes naturais, com os pagamentos feitos via Pix no momento da solicitação.
Entretanto, a proposta enfrenta resistência e demanda debate aprofundado para convencer sobre a responsabilidade compartilhada diante dos custos das mudanças climáticas, que impactam a todos, mesmo aqueles que não vivem em áreas de risco.
A resposta das seguradoras diante dos desastres climáticos no sul do Brasil demonstra um compromisso vital em auxiliar os afetados por esses eventos devastadores. As operações emergenciais e os projetos de seguro social propostos refletem não apenas a importância de proteger os segurados, mas também o reconhecimento da necessidade de soluções mais abrangentes para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Além disso, o apoio imediato e coordenado das companhias, juntamente com o engajamento das comunidades e corretores locais, será essencial para ajudar na reconstrução e na recuperação das áreas afetadas, reforçando a importância da solidariedade e da cooperação em tempos de crise.
Fonte: CQCS com edição do Acontece