Na última segunda-feira, 26 de fevereiro, a Escola de Negócios e Seguros (ENS) realizou a primeira edição do Insurance Mega Trends, iniciativa inédita que reuniu personalidades, especialistas, acadêmicos e executivos do setor, nacionais e internacionais, para discutir as principais tendências da indústria brasileira de seguros.
As atividades foram abertas pela diretora de Ensino da ENS, Maria Helena Monteiro, que comemorou o sucesso do evento e agradeceu a presença do convidado ilustre, o superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Alessandro Octaviani. “Temos um elenco muito privilegiado e a nossa estrela principal vai entrar em cena agora. As palestras dele sempre são muito ricas, é a pessoa certa, no lugar certo”, declarou a executiva.
Antes de iniciar a palestra inaugural, que teve como tema “Perspectivas para o setor em 2024”, Alessandro Octaviani elogiou a Escola pela realização do Insurance Mega Trends. “Tenho certeza que esse evento está sendo um enorme sucesso, tudo o que a Escola faz sempre tem essa marca do sucesso”.
Em sua explanação, o líder da autarquia abordou quatro tendências que têm como propósito promover o crescimento do setor, e que estão incluídas no Plano de Regulação de 2023-2024 da Susep.

Política de Transição Ecológica
A primeira tendência do Plano de Regulação é destinada à Política de Transição Ecológica. De acordo com Octaviani, o mercado pode ser um agente fundamental para o atingimento de um novo patamar civilizatório, em que empresas, governos e consumidores tratem de forma adequada o meio ambiente.
“Temos que instalar uma política de transição ecológica consistente, e o mercado de seguros pode ser o propulsor da melhor política de transformação ecológica, tanto no nível das garantias que ele ofertará quanto nos desenhos de melhor comportamento econômico que ele incentivará. Nesse ponto de vista, é obrigação da Susep estruturar uma política adequada para mercado”, destacou.
Política Nacional de Acesso ao Seguro
O segundo eixo que ganhará força ao longo de 2024, segundo o superintendente, é a Política Nacional de Acesso ao Seguro. “São poucas as economias no mundo que têm tanto potencial de crescimento como a nossa. O Brasil tem condições de destravar a demanda e, ao mesmo tempo, expandir as ofertas, instalando assim um ciclo virtuoso para todos os participantes do mercado”.
Neste cenário, Octaviani citou três importantes iniciativas desenhadas pela autarquia: expansão do mercado com novos produtos, regularização das associações que ofertam produtos análogos ao seguro e aumento da oferta e consumo dos seguros.
“Nesta política de acesso ao seguro, temos orgulho de ter participado da jornada de criação de novos ofertantes de seguros, pelo nosso programa do Sandbox. Temos algumas seguradoras que estão concluindo grandes passos na sua maturidade e, dado ao seu DNA inovador, serão ofertantes de novos tipos de seguros, abrindo novos mercados. Na outra ponta, há discussões sobre a regulação das associações que ofertam produtos análogos ao seguro. A legalização dessa atividade alimentará a capilaridade dos serviços securitários, pois irá se tratar de uma atividade regulada, organizada e certamente passível de ser tributada, adequando a estruturação das suas reservas. Por fim, não basta aumentar o acesso ao seguro, temos que vender algo que seja de boa qualidade. Devemos instalar uma disciplina jurídica que organize adequadamente essa experiência do consumidor e, por esse motivo, acredito que contribuirá demais a aprovação do PL 29, que é objeto de farto consenso entre a CNseg e a Fenacor. Estamos falando de um enorme desafio”, afirmou.

Política Nacional de Resseguro
Já a terceira tendência delineada pela Susep diz respeito à Política Nacional de Resseguros. “A oferta deste serviço integra um hall de garantia da própria atividade seguradora e é muito importante que o mercado de resseguro seja revisitado para readequação das suas normas”, pontuou.
De acordo com o superintendente, este grupo de trabalho vai equacionar dilemas e perspectivas, a fim de que os resseguradores estejam nas melhores bases possíveis para que os seus investimentos de longo prazo façam sentido no Brasil.
Octaviani lembrou que o interesse no resseguro tem dupla finalidade, a primeira para oferta de garantia e amenização do risco e outra para a relação da composição de poupança nacional no longo prazo.
Política de Cibersegurança
Por fim, o quarto eixo se baseia na implementação de uma Política de Cibersegurança, área de interesse crucial para a Susep. “Toda a experiência daquele que contrata no mercado de seguros, de uma ponta a outra, é cada vez mais digitalizada. Esse mundo altamente digitalizado que se interconecta traz grandes riscos, como o de cibersegurança”, alertou.
“Se não transformarmos essa complexidade em capacidades de defesa de cibersegurança podemos colocar em risco toda a construção do nosso mercado, e isto é inaceitável. Precisamos planejar, no curto, médio e longo prazo, as bases de crescimento do mercado de maneira sustentável. E este, portanto, é o quarto grande grupo de trabalho que a Susep lança no seu Plano de Regulação, que é Cibersegurança e Mercados Jurisdicionados. Há de ser feito em amplos diálogos, entre todos os atores que serão influenciados e partícipes da construção de um mercado que olha para o futuro, sabe que tem como contribuir com um mundo ambientalmente mais saudável e sabe que o seguro ou é para todos, ou não atinge a sua plena potencialidade”, concluiu o executivo.

Confira a íntegra da palestra do superintendente da Susep no site megatrends.ens.edu.br.