“Como as mulheres conseguem fazer tudo e ainda ter saúde mental?” O questionamento, feito pela vice-presidente da Fenacor, Maria Filomena Branquinho, foi o cerne do painel “Executivas do Setor de Seguros: Home-Office e Produtividade”, realizado no último dia do 22º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros. Mediado por Branquinho, o encontro contou com a presença da diretora de Ensino Técnico da Escola de Negócios e Seguros (ENS), Maria Helena Monteiro, da jornalista e palestrante, Izabella Camargo, e da CEO da Liberty Seguros, Patrícia Chacon.
O debate abordou a saúde mental das mulheres na atualidade, comportamento, burnout e liderança feminina. “Este é o primeiro painel de um Congresso Brasileiro de Corretores promovido pela Fenacor que é composto somente por mulheres. São os novos tempos”, iniciou Branquinho.
Em sua participação, Maria Helena Monteiro questionou o que mudou na vida das mulheres com a pandemia. “Mudaram as prioridades que as pessoas têm na vida, o juízo de valor. Quem não está se questionando por que precisa de tantos sapatos e bolsas, se ficamos tanto tempo sem utilizar nada disso? Passamos a lidar com novos modelos de estudo e trabalho remotos e híbridos, que modificaram as rotinas, hábitos e prioridades”.
A diretora também levantou outra questão: o que não mudou nestes anos de pandemia? “Os cuidados com as crianças, idosos e serviços domésticos, que ainda ficam a cargo das mulheres. As mulheres dedicam em média 21 horas semanais a essas tarefas, contra 11 horas dos homens. São muitas mulheres trabalhando para que as crianças estejam cuidadas, a comida esteja feita e a roupa lavada. Dados apontam que 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia. Por isso, o excesso de trabalho não remunerado é um dos grandes gargalos que temos”.
A executiva destacou ainda que as mulheres foram as mais prejudicadas profissionalmente com a crise ocasionada pelo novo coronavírus. “Os níveis de empregabilidade feminina retrocederam 30 anos nessa pandemia. Foram muitos postos de trabalho perdidos em 2020, e a perda de empregos entre as mulheres foi muito maior, pois muitas delas atuam em categorias de comércio e serviço, que foram as mais afetadas. As mulheres vão demorar muito mais tempo para sair dessa recessão”.
Saúde mental e equilíbrio
Ainda sobre os temas cansaço e exaustão, Izabella Camargo explicou como a sobrecarga física e emocional, decorrente do acúmulo de trabalho, tarefas domésticas e outras funções, pode levar à síndrome de burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional.
Após sofrer com o problema e se recuperar, estabelecendo um novo padrão de vida, a jornalista destaca que a saúde mental é uma decisão diária e é fundamental para lidar com imprevistos, como os que vieram com a pandemia e com problemas que acontecem no dia a dia. “Estamos ficando ausentes de nós mesmos, por tudo que queremos fazer. É preciso viver e trabalhar de forma sustentável. Precisamos manter estes quatro pilares equilibrados: trabalho, saúde, família e espiritualidade”, explicou.
Patrícia Chacon compartilhou sua visão sobre o assunto e levantou questões acerca dos novos meios e métodos de trabalho. Entre os pontos abordados, a executiva destacou a importância de manter o contato pessoal e o “olho no olho” nas relações de trabalho, sem que este seja prejudicado ou substituído completamente pelas ferramentas tecnológicas. “Mais do que nunca temos que fortalecer as nossas conexões. O digital vem para apoiar o corretor, mas a venda de seguros é com o corretor”.