Seminário debateu temas disruptivos e cruciais 

Neurociência, Neurodireito, desastres climáticos e longevidade foram tópicos abordados no evento 

O Grupo de Trabalho em Inovação e Seguros, da Escola de Negócios e Seguros (ENS), recebeu, no último dia 23 de agosto, profissionais de seguradoras, corretores, advogados, professores, alunos e ex-alunos da Escola, para realização da segunda edição do Seminário de Inovação e Seguros. O evento híbrido foi realizado no auditório do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP), na capital paulista. 

O primeiro painel foi conduzido pela idealizadora da iniciativa, Angélica Carlini, e focou no tema “Neurociência e Neurodireito”. Advogada e docente da ENS, Carlini explicou como a Neurociência, em conexão com a economia comportamental, dá origem à “Neuroeconomia”. Esse campo, de acordo com a acadêmica, investiga como as pessoas tomam decisões, o que influencia diretamente na criação de produtos e na regulação de sinistros. 

A especialista destacou que o Neurodireito levanta questões éticas sobre o uso de dados cerebrais em processos judiciais, abordando temas como privacidade e igualdade de condições no mercado de trabalho. Com essas inovações, o setor de seguros enfrenta o desafio de equilibrar a precisão na previsão de riscos com as considerações éticas, sempre buscando o bem-estar humano. 

Angélica Carlini

Desastres climáticos 

Coube aos professores da ENS, Edval Tavares e Luiz Macoto, e aos pesquisadores Bruno Omena e Eduardo Arias, a condução do segundo painel, que abordou desastres climáticos. Com dados alarmantes, a apresentação mostrou a crescente sinistralidade no setor de seguros, que inclui prejuízos superiores a US$ 160 bilhões com o Furacão Katrina, em 2005, e a R$ 500 bilhões no Brasil, entre 1993 e 2022. 

O grupo lembrou a importância de iniciativas relacionadas à resiliência climática, como as desenvolvidas pelo IRB Re e o Observatório da Inovação do RS, que buscam aprimorar a previsão de eventos extremos ao conectar startups ao mercado de seguros, melhorando a capacidade do setor de gerenciar e mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Luiz Macoto, Bruno Omena e Eduardo Arias

Longevidade: desafios e oportunidades 

O terceiro painel, “Longevidade: Desafios e Oportunidades para o Mercado de Seguros”, foi liderado pelo economista, Gustavo Leança, e pelos advogados Diego Cadiz e Camila Calais. Os especialistas mostraram que a população global com mais de 50 anos está crescendo rapidamente, com projeção de dobrar de tamanho até 2050. No Brasil, estima-se que 33% da população terá mais de 60 anos em 2060. 

“Este aumento traz desafios significativos e novas oportunidades para o setor de seguros, gerando uma demanda crescente por serviços que promovam um envelhecimento com qualidade e segurança financeira”, afirmou Leança. 

O executivo ressaltou ainda a importância de se adaptar produtos de seguros para atender a essa demanda.

“As seguradoras devem mapear as necessidades dos clientes ao longo da aposentadoria e oferecer produtos inovadores e flexíveis para garantir um envelhecimento saudável e protegido”, pontuou.

O novo papel do corretor 

Com o tema “Novas Atribuições do Corretor de Seguros”, o penúltimo painel celebrou os 60 anos da Lei da Profissão do Corretor de Seguros (PL 4594), explorando as mudanças trazidas pelo Marco Legal de Seguros (PL 29/2017) e pela implementação do Open Insurance no Brasil. 

Os pesquisadores Humberto Carrilho, Lucas Amorim e Raquel Ferreira, juntamente com Gustavo Leança e o 1º vice-presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), Manuel Matos, compartilharam suas experiências. 

Matos discorreu sobre o Open Insurance como uma oportunidade para corretores oferecerem serviços mais personalizados, permitindo aos clientes compartilhar dados de apólices e sinistros com diferentes empresas do setor.

“Com a introdução das SPOCs (Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente), prevista para novembro de 2024, os corretores poderão acessar dados mais completos dos clientes, oferecendo produtos mais assertivos e automatizando processos, como renovações e sinistros”, explicou o executivo da Fenacor. 

Mútuas no mercado regulado 

O grupo que encerrou o seminário, composto por Augusto Cardoso (advogado e consultor de Projetos Especiais da ENS), Leonardo Girão (advogado e professor da ENS) e Matheus César Pontes (advogado especialista em Direito Econômico), abordou as “Perspectivas de Atuação das Mútuas no Mercado Regulado de Seguros”. 

O painel analisou dados do livro “As Mútuas no Mercado de Seguros”, lançado pela ENS em 2023, que revelou um potencial significativo de crescimento para as mútuas no Brasil. “Fizemos um benchmark com mais de 25 países e constatamos que, em países em desenvolvimento como o nosso, as mútuas representam entre 25% e 27% do mercado. No Brasil, atualmente elas correspondem a apenas 5%”, alertou Cardoso. 

Ainda de acordo com o consultor, com a iminente regulamentação da atividade pela Susep, as mútuas, que hoje movimentam R$ 18 bilhões, têm potencial para quintuplicar essa participação, ultrapassando os R$ 90 bilhões. 

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